Johann Wolfgang von Goethe
 
1749 - 1832 
 
 
 
 
 
 
 
Johann Wolfgang von Goethe é considerado como a maior personalidade da literatura alemã, seu maior poeta, grande também como dramaturgo, romancista e ensaísta; e são notáveis suas obras autobiográficas, seus estudos de ciências naturais e suas conversações, fielmente notadas, com amigos.

Para toda essa obra polimorfa vale o que o próprio Goethe dizia das suas poesias: são "ocasionais", isto é, ligadas aos acontecimentos de sua vida e a experiências pessoais, de modo que não é possível separar as obras e a vida.

De família burguesa, culta e abastada, Goethe recebeu educação enciclopédica. Em 1765 matriculou-se na Universidade de Leipzig para estudar Direito. Conheceu literatos e artistas, envolveu-se em aventuras amorosas e escreveu poesias anacreônticas, à moda da época.

Interrompidos os estudos por grave doença, matriculou-se em 1770 na Universidade de Strasbourg. Conheceu Herder,
o grande crítico pré-romântico, que o iniciou na leitura de Shakespeare e lhe sugeriu passeios pelos campos da Alsácia, para colecionar canções populares.

Amores e escritos

A catedral gótica de Strasbourg encheu-o de entusiasmo pela Idade Média alemã, quando surgiu a primeira idéia de escrever o Fausto. Em 1772 apaixonou-se por Charlotte Buff, noiva de um amigo íntimo, conflito que o abateu profundamente. Procurando alívio no estudo do passado, escreveu "Götz von Berlichingen", uma tragédia shakespeariana, glorificando a época das lutas do tempo da Reforma. A peça obteve estrondoso sucesso.

A forte paixão por Charlotte ainda renderia outra obra: "Os sofrimentos do jovem Werther". Embora influenciado por "A nova Heloísa", de Rousseau
, Goethe criou uma obra totalmente original, de permanente atualidade psicológica, cheia de sentimentalismo pré-romântico, mas elevada a alturas trágicas pelo desfecho, o suicídio de Werther.

O romance obteve sucesso imenso e foi traduzido para todas as línguas. O jovem autor transformou-se em personalidade de fama internacional e foi convidado a fixar residência em Weimar, nomeado ministro do pequeno ducado, e recebeu título de nobreza.

As relações de Goethe com Charlotte von Stein, sua nova amante, mulher altamente sofisticada, inspiraram-lhe nova série de poesias líricas. Mas não são eróticas. São grandes odes em versos livres, manifestações de um idealismo estético e moral. Ou, então, graves meditações em estilo hermético - e também pequenos poemas. São as mais belas poesias líricas da literatura alemã, mas dificilmente traduzíveis e por isso menos conhecidas no estrangeiro. Elas desmentem a tese de que Goethe teria sido mais ensaísta que poeta.

 

Romantismo e classicismo

Sentindo necessidade de sair do pré-romantismo, pela contemplação das obras de arte da Antiguidade clássica,  Goethe viajou em 1786 para a Itália, onde ficou até 1788, principalmente em Roma. Seus estudos de arte o tornaram um classicista ortodoxo, à maneira de Winckelmann.

De volta a Weimar, Goethe publicou Fausto - um fragmento, terminando definitivamente a fase pré-romântica de sua vida. A tragédia Torquato Tasso, de 1790, resume suas experiências na corte: é a renúncia ao idealismo poético e a adoção de uma atitude realista ante as exigências da vida. Goethe torna-se realista.

Assume, então, a direção do teatro de Weimar, criando um repertório em que predomina Shakespeare. Dedica-se cada vez mais às ciências naturais, sobretudo à botânica e à óptica.

A Revolução Francesa 
ameaçava destruir os fundamentos de sua existência aristocrática de esteta culto. Assistindo, em 1792, a primeira derrota dos exércitos monárquicos pelos revolucionários franceses, em Valmy, ele diagnostica com acerto a situação histórica, dizendo: "Daqui e hoje começa uma nova época da história universal".

Em 1794 começam as relações de amizade com  Schiller
. Lê as obras de Kant. Aprofunda, filosoficamente, o seu classicismo. É desse período o romance "Os anos de aprendizagem de Wilhelm Meister", um romance de formação de um jovem poeta que se torna realista amadurecido.

Em 1805 escreve, em prosa clássica, "Winckelmann e seu século", espécie de manifesto do classicismo. Em 1808, publica a primeira parte do "Fausto". Nessa versão definitiva, a obra começa com as meditações metafísicas de "Fausto", que formam um dos mais profundos poemas filosóficos da literatura universal.

Goethe manteve, inicialmente boa relação com os românticos, principalmente com com August Wilhelm Schlegel 
e com Friedrich Schlegel.  Mas não estava de acordo nem com as tendências cristianizantes nem com a preferência pela Idade Média em detrimento do classicismo pagão. Separando-se dos românticos, acentua seu relativo realismo.
 

Novos amores

Parece que acreditava terminada sua carreira literária, quando a paixão pela linda Marianne von Willemer lhe inspirou "O divã ocidental-oriental", volume de poesias eróticas e filosóficas, cheias de paixão violenta e de anticristianismo decidido. São os poemas mais belos que Goethe escreveu.

A velhice de Goethe, que se havia transformado em ídolo literário do mundo, incondicionalmente idolatrado, pertence às tentativas de encontrar a continuação do "Fausto" e à elaboração do romance "Anos de viagens de Wilhelm Meisters", publicado a partir de 1821, obra em que Goethe resume seu ideal de formação total da cultura do indivíduo, sonhando com uma utópica sociedade educativa para esse fim, a "província pedagógica".

São os anos em que Goethe conversava diariamente, sobre todos os assuntos possíveis, com seu secretário, Johann Peter Eckermann (1791-1854), que publicou em 1837 suas notas sob o título de "Conversações com Goethe", obra da mais alta sabedoria, revelando também o interesse do poeta pelas novas tendências literárias e seu ideal de uma comunidade literária de todas as nações.

A calma desses últimos anos foi perturbada pela repentina paixão erótica do homem de 70 anos pela jovem Ulrike von Levetzow. A resignação inevitável produziu o comovente poema "Elegia de Marienbad". Goethe dedicou o resto de sua vida à elaboração da segunda parte do "Fausto", que foi concluída em 1830, mas publicada só depois da morte do poeta.

Fonte: Enciclopédia Mirador Internacional


 
 
                                                                                                               
 
 
Original da poesia de Goethe sobre o Ginko Biloba, planta que cultivava no seu jardim.
 
 
 
O Ginkgo Biloba ficou famoso depois da Segunda Guerra Mundial, pois sobreviveu à radiação em Hiroshima, brotando no solo da cidade devastada.  A planta tem sido usada na medicina alternativa, em combate aos radicais livres. Também parece auxiliar na oxigenação cerebral.

Goethe tinha um ginkgo biloba no jardim de sua casa e escreveu um poema sobre a árvore.
A tradução em português é de Flávio Demberg, com base em uma versão em inglês, extraída de http://www.xs4all.nl/~kwanten/goethe.htm

Outras referências: 

GINKGO 





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EM PORTUGUÊS

Essa folha de uma árvore do Oriente
Brotou em meu jardim
Ela revela certo segredo
Que me atrai e às pessoas contemplativas

Ela representa Uma só criatura
Que a si mesmo se dividiu?
Ou são duas, que decidiram
Que Uma deveriam ser?

Para responder a essa questão,
Descobri a resposta certa:
Nota que em minhas canções e em meus versos
Sou Um e sou Dois?


EM INGLÊS

This leaf from a tree in the East, 
Has been given to my garden. 
It reveals a certain secret, 
Which pleases me and thoughtful people.

Does it represent One living creature 
Which has divided itself? 
Or are these Two, which have decided, 
That they should be as One?

To reply to such a Question, 
I found the right answer: 
Do you notice in my songs and verses 
That I am One and Two?


EM ALEMÃO

Dieses Baums Blatt, der von Osten 
Meinem Garten anvertraut, 
Gibt geheimen Sinn zu kosten, 
Wie's den Wissenden erbaut.

Ist es ein lebendig Wesen, 
Das sich in sich selbst getrennt? 
Sind es zwei, die sich erlesen, 
Dasz man sie als Eines kennt?

Solche Frage zu erwidern, 
Fand ich wohl den rechten Sinn: 
Fühlst du nicht an meinen Liedern, 
Dasz ich Eins und doppelt bin?



 
 
 
 
 
 
 
 
Fundo Musical:
Cavalgada das Valquírias (em alemão: Walkürenritt) é o termo popular para o início do ato III da ópera Die Walküre (A Valquíria) de
Richard Wagner, 1813-1883 
 
 
Imagem do original da poesia, tradução e textos:
Flávio Demberg
 
 
Produção e Formatação:
Ida Aranha
 
 
mario.capelluto@globo.com
http://www.sabercultural.com.br