Fernando Brant
 

Fernando Rocha Brant nasceu em Caldas, MG, em 9 de outubro de 1946.

Formado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, atuou como repórter da sucursal mineira da revista "O Cruzeiro". Na década de 1960, conheceu Milton Nascimento, com quem viria a iniciar uma fértil parceria.

Em 1967, participou do   2º Festival Nacional da Canção (TV Globo) com a canção "Travessia", escrita em parceria com Milton Nascimento, música essa que foi classificada em 2º lugar no evento, em interpretação do próprio Milton, que a registrou em seu primeiro LP lançado nesse ano.

Em 1968, participou do 4º Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), com a canção "Sentinela" (c/ Milton Nascimento), defendida por Cynara e Cybele.

Seguiram-se inúmeras canções em parceria com Milton, registradas nos discos desse compositor e cantor, como "Outubro", "Beco do Mota", "Sunset Marquis 333 Los Angeles" e "Rosa do ventre".

Em 1970, escreveu (c/ Milton Nascimento) a trilha sonora de "Tostão, a fera de ouro", longa-metragem de Ricardo Gomes Leite e Paulo Laender, com destaque para a canção "Aqui é o país do futebol". Ainda nesse ano, Milton Nascimento gravou outras canções de sua autoria, como "Para Lennon e McCartney" (c/ Lô Borges e Marcio Borges) e "Durango Kid" (c/ Toninho Horta).

Em 1972, suas composições "San Vicente" e "Ao que vai nascer", ambas em parceria com Milton Nascimento, e "Paisagem na janela" (c/ Lô Borges) foram incluídas no histórico LP "Clube da Esquina" , de Milton e Lô Borges.

Dois anos depois, o disco "Milagre dos peixes", de Milton, registrou novamente a parceria dos dois compositores na faixa-título e na canção "Escravos de Jó".

Considerado o principal letrista de Milton, continuou trabalhando com o parceiro durante as décadas de 1980 e 1990. Com mais de 200 canções gravadas, a dupla registrou inúmeros sucessos, como "Maria, Maria", "Planeta blue", "Promessas do sol", "O vendedor de sonhos", "Canção da América", "Saudade dos aviões da Panair (Conversando no Bar)", "Encontros e despedidas", "Nos bailes da vida" e "San Vicente", além dos já citados.

Em 1998, as canções "Janela para o mundo" e "Louva-a-deus" (c/ Milton Nascimento), fizeram parte do repertório de "Nascimento", disco premiado com o Grammy desse ano.

 Fernando Brant fez o roteiro e compôs com o parceiro Milton os balés "Maria, Maria" e "O último trem", com coreografia de Oscar Araiz, para o Grupo Corpo.


Além dos parceiros referidos, compôs também com Tavinho Moura ("Nossa Senhora de Ó", entre outras) e Sirlan ("Nove anos" e "Profissão de fé", entre outras).

Em 2000, trabalhou no musical "Fogueira do Divino", para o qual escreveu 20 letras inéditas, que receberam arranjos musicais de Nivaldo Ornellas e Tavinho Moura.

Fernando Brant também escreve uma coluna semanal no jornal "O Estado de Minas"e tem três livros publicados: "Clube dos Gambás", "Mercado Central para BH " e "Chico, o caminhador", com ilustração de Ana Raquel, adotado em muitas escolas do Brasil.

          
              
   

 

 

Fonte editada e aumentada com outras pesquisas:

Biografia: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira


 

 

 

                                Guardar e não guardar.

 

                                                  Fernando Brant

 

Guarde no aposento mais claro de sua alma os pequenos e os grandes momentos de sua vida. A primeira vez que o abraço da mãe e o sorriso do pai ocorrem em sua lembrança. As brincadeiras infantis, os jogos aprendidos em casa ou na rua, a descoberta do outro, o amigo. Cuide com carinho da alegria de ver seu irmão protegendo você dos moleques mais velhos e fortes. Proteja,

de todos os calos que o tempo e a idade vão lhe impondo, aquela sensação

do dia em que você reencontrou aquela moça, aquele moço, depois que já

era evidente que seu coração estava apaixonado e conquistado.

 

Zele pelos primeiros dias, os dias em que nasceram seus filhos e filhas,

essa aventura impossível de descrever, a ternura tomando conta de você,

agora o ser mais importante e responsável do universo. Atente para o

caminho de felicidade que você construiu ao lado dos que você ama, os

da casa original e os do teto que você edificou. Vigie para que não lhe

fujam todas as confraternizações, todos os gols comemorados juntos

e até a tristeza e melancolia sofridas coletivamente.

 

Fique de olho para que não se perca a memória daquela época pobre e difícil,

em que o pão era pouco para tantas bocas, mas o casal alimentava a todos

e ainda providenciava educação de qualidade, salvo conduto para que todos

tivessem, no futuro (hoje), um destino digno.

 

Não guarde mágoa. Não faça de um instante menor uma calamidade existencial.

Não fique remoendo impressões pessoais sobre um determinado acontecimento,

como se a sua fosse a única verdade. Para que acordar na noite com pesadelos

se algumas simples conversas com os protagonistas de sua angústia poderiam

levar a um caminho menos obscuro? A raiva só faz mal a quem a possui, a

quem a carrega no peito. Fechar-se em fortaleza de solidão só lhe trará

prostração e abatimento. Escancare a humanidade que você traz consigo,

fique leve, flutue, volte a conviver. “ Carinho que eu fiz não vai virar espinho.”

Não guarde esse cofre de infelicidade. Vire a chave desse baú. Abra sua

emoção e suas palavras, ouça.

 

Lembro-me agora de uma frase do poeta Ferreira Gullar:

“ eu não quero ter razão, eu quero é ser feliz.”

 

Guardo o sorriso de minhas meninas, está por inteiro comigo. Elas cresceram,

eu as vejo adultas, mas a infância delas e da neta, me previne contra as

instabilidades ocasionais. Há um menino, há um moleque morando

sempre em meu coração.

 

Meu conselho de amigo e irmão: não guarde, jogue fora a idéia fixa que o

infelicita e entorpece. Guarde e use a serenidade, o bom senso e a

compreensão. Aí você será, de verdade, como quer o poeta, feliz.

 

                                            fernandobrant@hotmail.com

 

 

 

 

 

 

 

Fernando Brant e Milton Nascimento

 

Canção da América

Composição:

 

 Fernando Brant e Milton Nascimento

 

Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de sete chaves, dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou ao ver seu amigo partir

Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro trancou

Amigo é coisa pra se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam não
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir a voz que vem do coração

Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto pra te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pesquisa e Formatação:
Ida Aranha