COMENTÁRIO

A obra de Antonio Aranha, além de suas qualidades estéticas, tem o mérito de contrariar uma tendência atual de valorizar a rapidez do resultado em detrimento da pesquisa e do pormenor.

Em cada um dos trabalhos, cenas bíblicas, como a Natividade, a Fuga para o Egito, a Crucificação e tantas outras cenas de cunho religioso, Antonio procura uma nova forma de abordagem técnica do material, em que vem desenvolvendo sua arte há quase quatro anos - a cerâmica. O artista explora a argila - dando preferência à porcelana, argila muito branca de grandes possibilidades por sua plasticidade e beleza - investigando seus limites, buscando obter através do uso de esmaltes cerâmicos e óxidos, empregados na decoração do material, novos efeitos de cor, textura e luz.

Também ao escavar suas pequenas placas de porcelana, criando relevos, onde cada personagem, apesar das proporções diminutas, é titular de personalidade individual, ele procura novos caminhos, experimenta os aspectos decorativos, arabescos, panejamentos, vazados, tudo enfim, eontribuindo para que cada peça se transforme em uma experiência que merece do observador atenção cuidadosa para que cada detalhe seja apreciado.

A vasta cultura do artista, sua curiosidade e espiritualidade deixam marcas em cada uma de suas peças. Para mim, elas são como pequenos fragmentos, detentores de uma arqueologia pessoal que, percorrendo espaço e tempo, de uma forma atual, trazem o passado para o momento presente.

Conceição Santiago,  Escultora e Ceramista